Milan Design Week 2025: Um Olhar Brave sobre as Tendências que Moldam o Futuro do Design e da Experiência

8 de maio de 2025

Os highlights do epicentro mais popular do design

Estamos há um mês desse grande marco global de tendências, design, arquitetura, arte, mobiliário e especialmente, experiências.

A Milan Design Week 2025 não foi apenas uma exposição de objetos ou ambientes. Ela foi um manifesto sensorial. Um ensaio sobre o amanhã vivido no agora. Um verdadeiro espetáculo de inovação, onde marcas e designers de renome mundial apresentaram suas visões para o futuro do design, da tecnologia e da experiência.

Para nós, da Brave, que enxergamos o branding como a mais profunda e estratégica forma de construir percepção, estar atentos a movimentos como esse é mais que uma prática de observação: é um exercício de escuta cultural, leitura de comportamento e visão de futuro.

Nesta análise, reunimos os highlights mais provocativos da semana — cruzando arte, tecnologia, arquitetura, storytelling e cultura — para interpretar o que isso tudo diz sobre as novas expectativas das marcas, dos consumidores e do próprio mundo.

O futuro da experiência é mais interdisciplinar, mais afetivo e mais responsável.

1. Design que se sente: o toque como linguagem

A ASUS foi responsável por uma das experiências mais instigantes da semana com sua instalação “Design You Can Feel“. Uma fusão entre tecnologia, IA e sensorialidade, onde a percepção tátil era o canal primário de experiência. O design deixou de ser um suporte visual para se tornar uma ponte direta entre emoção e funcionalidade.

Numa era em que o digital domina, o design físico precisa, mais do que nunca, provocar sentidos. O toque virou interface. O tato, canal de empatia. Para marcas que desejam presença e não só lembrança, essa é uma chave decisiva.

Um abraço entre sensações por meio de diversas áreas do design.

2. A arte de dramatizar o ordinário

A instalação “Futurespective: Connected Worlds” da Range Rover foi um espetáculo de narrativa imersiva. Um ambiente monocromático que transportava os visitantes por tempo, espaço e emoções ligadas à evolução da marca.

Foi menos sobre automóveis e mais sobre o que uma marca pode fazer com seu legado. Em um espaço que parecia uma galeria de arte futurista, o design automotivo virou dramaturgia. Isso nos mostra que marcas fortes não apenas comunicam: elas encenam. Criam palco, atmosfera e memória.

3. O luxo reimaginado como estado de espírito

A Louis Vuitton apresentou sua nova edição da coleção “Objets Nomades” no icônico Palazzo Serbelloni, em Milão. Com obras assinadas por nomes como Atelier Biagetti e Charlotte Perriand, a maison mais uma vez rompeu a linha entre arte, design e desejo.

Não era apenas mobiliário: eram esculturas contemplativas que narravam viagens interiores. Ao lado, a Hermès trouxe uma exposição minimalista que explorava a leveza como essência do luxo. A transparência, o etéreo, o imaterial.

Ambas sinalizam uma guinada importante: o luxo se move do status para o estado. Do ter para o sentir. Do objeto para a atmosfera.

4. Arquitetura como performance narrativa

A Poliform apresentou uma instalação poderosa onde arquitetura, luz, volumes e ritmo compunham uma narrativa espacial que transcendia o mobiliário. A Boffi, como de costume, elevou a cozinha a um lugar de dramaturgia social: o novo centro das relações afetivas e estéticas da casa.

Essas experiências revelam o que entendemos como “design encarnado”: espaços que não apenas se veem, mas que contam histórias, criam cenas e conduzem comportamentos. O espaço é protagonista.

“O design deixou de ser suporte para se tornar o próprio canal de experiência. Uma provocação direta para marcas que desejam entregar mais do que estética — mas presença.”

5. O invisível visível: luz, som e transcendência

O Google, em parceria com Lachlan Turczan, apresentou uma das instalações mais poéticas da semana: “Making the Invisible Visible“. Um estudo sobre ondas sonoras e campos de luz que transformou dados em contemplação.

O que traz uma faísca e alegria aos olhos das pessoas é a capacidade de se sentirem tocando uma coisa imaterial – LACHLAN TURCZAN, ARTISTA

“Making the Invisible Visible” representa uma clara progressão na exploração do Google de design e percepção sensorial na Milan Design Week, construindo sobre as bases estabelecidas por suas exposições anteriores.

Foi um lembrete de que o design não precisa ser visível para ser sentido. Que o invisível, quando revelado, é capaz de emocionar. Que há beleza nos dados, e que marcas de tecnologia podem — e devem — falar com alma.

6. A teatralização da experiência

A Cassina celebrou os 60 anos de sua coleção ícone com a instalação “Staging Modernity“. Uma performance viva sobre a influência do design italiano na cultura moderna. O design virou teatro. A peça virou manifesto.

Esse movimento revela a potência do design performático: não mais vitrines, mas rituais. Não mais expositores, mas altares. O design como dramaturgia e a experiência como roteiro.

7. O novo luxo consciente: sustentabilidade como linguagem estética

Do uso de materiais reciclados às narrativas sobre circularidade, diversas marcas apostaram em uma estética ética. A Domkapa, por exemplo, trouxe o tema da sustentabilidade em sua cenografia — destacando o uso de matérias-primas locais e reaproveitáveis com sofisticação.

Na Milan Design Week 2025, a sustentabilidade deixou de ser diferencial para se tornar princípio. O novo luxo é regenerativo.

O que aprendemos com Milão 2025?

Que marcas não vendem mais produtos — elas oferecem atmosferas. Que o design não é apenas forma — é linguagem cultural. Que o luxo não é sobre posse — é sobre presença. E que branding é, hoje, um exercício profundo de percepção.

Mas não foi apenas sobre produto. Foi sobre provocação. Sobre imaginar futuros em meio ao colapso de antigos paradigmas.

“O luxo se move do status para o estado. Do ter para o sentir. Do objeto para a atmosfera.”

Sob o tema transversal da cultura como ponte, a edição deste ano deu palco ao invisível (com Google e Lachlan Turczan), à luz como matéria dramática (em Euroluce e na obra de Es Devlin), ao tempo como luxo (com Paolo Sorrentino) e à urgência da sustentabilidade como um novo imperativo ético. O Salone não se limitou à Fiera. Ele se espalhou por Milão, invadiu museus, conectou disciplinas, inspirou estudantes e ativou mercados emergentes com olhos voltados ao futuro — da Arábia Saudita ao Japão.

Vimos também o fortalecimento da ideia de que design não é apenas forma — é linguagem, é sistema, é diplomacia cultural. E que marcas que lideram esse movimento, como Louis Vuitton, Poliform, Aesop, ASUS, Hermès, Boffi ou Range Rover, não vendem objetos, mas experiências ontológicas. Elas moldam imaginários. Reescrevem expectativas. Plantam sinais de um mundo que ainda está por vir.

O design — quando elevado à sua potência cultural — é um dos poucos territórios capazes de gerar valor tangível e intangível ao mesmo tempo. Ele cria mercados, mas também cria sentido.

Para nós, da Brave, o Salone 2025 deixa uma mensagem clara: o futuro da experiência é mais interdisciplinar, mais afetivo e mais responsável. O design que queremos ativar nas marcas com as quais trabalhamos precisa ser sensível ao tempo, firme em propósito, radical em criatividade e sagrado na maneira com que toca as pessoas.

A Brave observa. Analisa. Integra. E traduz.

Traduz movimentos como esses para construir marcas que são sistemas vivos: sensoriais, estratégicos, culturais e atemporais.

Porque no fim, como vimos em Milão, não se trata apenas de criar. Mas de provocar, emocionar, mover e permanecer.

Artigo por:

Isaías Jacomeli
Fundador da Brave Branding

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